A Importância da Fisioterapia Motora na UTI

Olá Pessoal, nesse post eu mostrarei a importância de realizar uma boa motora nos pacientes acamados, não tenho a intenção de menosprezar a Fisioterapia Respiratória, até porque tem uma indiscutível importância, mas gostaria de chamar a atenção para a Motora que não deixa de ser importante e pode trazer muitos benefícios aos pacientes.

O paciente acamado  torna-se descondicionado, o que reduz sua capacidade de executar exercícios aeróbicos e diminui sua tolerância aos esforços, gera a Sindrome do Imobilismo (conjunto de alterações que afeta todos os sistemas do corpo humano). O prolongado tempo de internação, posicionamento inadequado com falta de mobilização predispõe a modificações morfológicas dos músculos e tecidos conjuntivos. Em alguns casos pode-se encontrar alterações no alinhamento biomecânico, comprometimento de resistência cardiovascular, evoluindo com contraturas articulares, diminuição do trofismo e força muscular, aparecimento de úlceras de pressão e aumento da osteoporose (osteopenia). O fisioterapeuta atuando sobre os efeitos deletérios da hipo ou inatividade do paciente acamado no âmbito hospitalar contribui na redução da taxa de mortalidade, taxa de infecção, tempo de permanência na UTI e no hospital e índice de complicações no pós-operatório.

Geralmente o sistema musculoesquelético é o mais acometido pelo imobilismo, as limitações funcionais podem prejudicar as transferências, posturas e movimento no leito e em cadeiras de rodas, dificultar as AVD`s, alterar o padrão da marcha e aumentar o risco de formação de úlceras de pressão.

Estudos mostram que o imobilismo a partir de 12 a 15 dias ja pode gerar muitas alterações no sistema músculo esquelético.

.: Nos músculos ocorrem a diminuição no nível de glicogênio e ATP, da atividade muscular que pode comprometer a capacidade oxidativa, diminuição da síntese protéica, da força muscular e do número de sacômeros. ocorre atrofia das fibras musculares tipo I e II, diminuição do torque, incoordenação pela fraqueza generalizada resultando em má qualidade de movimento, dor e desconforto (imobilidade induz a um processo inflamatório tecidual com liberação de substâncias que estimulam os receptores locais de dor).

.: Nas articulações pode ocorrer atrofia da cartilagem com desorganização celular nas inserções ligamentares, proliferação do tecido fibrogorduroso e consequentemente espessamento da sinóvia e fibrose capsular.

.: Nos ossos ocorrem diminuição da massa óssea total devido ao aumento da atividade osteoclástica e diminuição da atividade osteoblástica, aumento da excreção de cálcio (máxima atividade osteoclástica).

Como resultado de todas as alterações do sistema ósseo, articular e muscular, podem surgir complicações como contraturas articulares, hipotrofia, atrofia muscular e osteoporose.

É fundamental que o fisioterapeuta além da preocupação quanto a melhora da capacidade respiratória, tenha muita atenção a capacidade motora, tentar atuar juntamente pode trazer grandes benefícios ao paciente acamado como:

  • Evitar atrofia muscular e manter e/ou restaurar amplitude articular;
  • Prevenir trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pneumonias e hipotensão postural;
  • Aliviar a dor;
  • Diminuir ou prevenir edemas;
  • Melhora do condicionamento cardiovascular;
  • Reduzir o tempo de internação
  • Restaurar a funcionalidade para atividades de vida diária (AVDs);
  • Preparar para deambulação, quando o paciente tiver tais condições.

O Tratamento pode ser feito com exercícios passivos, ativo-assistido, ativo-livre, ativo-resistido, isométricos. Promover a reeducação postural, a conscientização corporal, o relaxamento muscular, estimular movimentação no leito e independência nas atividades.

Sabemos que para muitos o que importa é que o paciente esteja vivo (se vai andar ou mexer os membros não interessa), mas devemos fazer o melhor para esse paciente estando em coma ou não, lúcido ou não ou se nunca mais vai andar ou não. A Fisioterapia Motora na UTI não faz apenas o paciente voltar a andar ou se mexer, isso muitas das vezes não é possível, mas devemos pensar em outros benefícios como aliviar a dor pela contratura, diminuir o edema, evitar escaras, melhorar o condicionamento cardiovascular.

Existem poucos estudos publicados que possam ser usados em benefício do paciente para fisioterapia motora na UTI. No entanto, os recentes estudos têm confirmado que a mobilização em pacientes ventilados mecanicamente é um procedimento seguro e viável, diminuindo o tempo de internação na UTI e hospitalar.

Abraços.

Referências:

Borges V.M, Oliveira L.R.C, Peixoto E., Carvalho N.A.A. Fisioterapia motora em pacientes adultos em terapia intensiva. Rev. Brasileira de Terapia Intensiva-2009; 21(4):446-452.

Vojvodic C.,Síndrome do Imobilismo-Especialização de Fisioterapia Respiratória em Ventilação Mecânica com ênfase em Traumato-cirúrgico.São Paulo, 2004.